Perceção é a nossa realidade

Ultimamente a palavra “percepção” entrou nas conversas entre políticos e não só. Gostava de poder contribuir através da Programação Neurolinguística (PNL), sobre o que realmente a percepção é, como funciona em cada um de nós, e saber que a perceção não é mais que a forma como cada um de nós observa a realidade.

A frase "a perceção é realidade" reflete então, um princípio fundamentais nesta abordagem: a verdade é que cada um de nós interpreta e experimenta o mundo na sua forma única, com base nos seus filtros mentais. Estes filtros são o conjunto e combinação de experiências, crenças, valores, cultura, linguagem e estado emocional.

Temos de admitir que a realidade externa é objetiva, mas que a nossa mente não a percebe diretamente. O que acontece na prática, é que processamos as informações sobre a realidade que nos chegam através dos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) e organizamos essa informação a nível interno. Quando ocorre este processo, acontecem vários fenómenos: um deles é a seletividade que a nossa mente faz, já que não consegue captar e prestar atenção a tudo o que acontece à nossa volta. Por isso, seleciona aquilo que considera importante, e habitualmente ignora o resto.

Também conseguimos distorcer e alterar informações para que possam fazer sentido dentro da nossa visão do mundo. Um exemplo desta distorção pode ser  algo como isto: uma crítica construtiva para uma pessoa pode ser interpretada como um ataque pessoal por outra.

Por fim, tendemos também a generalizar, conseguimos simplificar o nosso mundo, criamos "normas" ou padrões a partir das experiências que já tivemos. Por exemplo, se fomos atacados por um cão, podemos generalizar a ideia de que "todos os cães são perigosos".

 

São estes filtros que formam aquilo a que a PNL chama do nosso "mapa mental", ou seja, o modelo interno que criamos para compreender a realidade. No entanto, a PNL sublinha que o mapa não é o território. Isto significa que aquilo que percebemos (o nosso mapa) não é necessariamente uma representação exata do mundo real (o território).

 

Quando se diz que a perceção é a nossa realidade, o que estamos a dizer é que vivemos e reagimos com base naquilo que acreditamos ser verdade, e não necessariamente no que é objetivamente verdadeiro. Se uma pessoa percebe uma situação como ameaçadora, mesmo que não haja perigo real, o corpo e a mente dessa pessoa reagirão como se o perigo fosse real. Deixo dois exemplos: se vou falar para uma audiência e entendo esse grupo de pessoas como hostil, isso pode fazer como que sinta ansiedade, mesmo que o público esteja interessado e recetivo. Ou se acho que sou "incapaz" de aprender algo novo posso não querer aceitar novas oportunidades de aprendizagem, mesmo que tenha todas as capacidades necessárias para ter sucesso.

 

Então sobre as nossas perceções e sobre as implicações práticas, que podemos fazer? - Podemos mudar?

O que a PNL nos diz é que, se a perceção é realidade, somos capazes de mudar a nossa realidade, se conseguirmos mudar os nossos filtros e as nossas interpretações. Algumas técnicas da PNL ajudam neste processo:

  1. Reenquadrar: Podemos alterar a interpretação de uma situação. Exemplo: transformar um erro numa oportunidade de aprendizagem.

  2. Ancorar: Criar estados emocionais positivos, associando estes estados a estímulos específicos, o que ajuda a mudar a perceção de situações que antes causavam desconforto.

  3. Identificar e entender as nossas crenças limitadoras: Saber substituir crenças negativas que distorcem a nossa perceção de nós próprios ou do mundo.

  4. Modelar: Observar e imitar estratégias de pessoas que têm perceções mais construtivas ou que alcançam os resultados que desejamos.

A ideia de que "a perceção é a realidade" faz com que possamos percebermo-nos e perceber os outros, dando mais importância e atenção aos filtros que utilizamos para a interpretação do mundo. Sabemos que não podemos alterar diretamente a realidade objetiva do mundo externos, mas é possível alterar a forma como o vemos, e desta forma conseguiremos criar um alinhamento dos nossos objetivos e do nosso bem estar com a realidade. Se conseguimos entender e perceber os nosso filtros e padrões das nossas perceções, podemos mudar a forma como vivemos e interagimos com o mundo.

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