O que é a criatividade?

De acordo com Simon Majaro: "A criatividade é o processo de pensamento que nos ajuda a gerar ideias". E também: "A inovação é a aplicação de tais ideias para fazer as coisas melhor e/ou mais baratas e/ou mais eficazes e/ou mais estéticas". (2) Dito isto, a criatividade abrange um leque de actividades desde o nascimento de ideias (por mais simples, complexas, selvagens ou impraticáveis) através de um processo de análise envolvendo outras pessoas, até uma solução prática utilizando técnicas novas e imaginativas.

Um negócio de sucesso reconhece que, para lucrar com a criatividade, precisa de proporcionar um ambiente que estimule o livre fluxo de ideias e um processo que possa transformá-las em produtos ou benefícios utilizáveis. Este processo também requer criatividade a todos os níveis da organização, mas é temperado pelo conhecimento do mercado, experiência e habilidade.

Por outras palavras, a organização "inovadora" é aquela que compreende que a criatividade é composta por uma vasta gama de competências, e procura desenvolver e encorajar a utilização destas competências em todos os níveis da empresa.

 

PORQUE PRECISAMOS DE INOVAÇÃO?

Em alguns aspectos, a resposta a esta questão "Porque precisamos de inovação?" pode parecer óbvia, ou seja, se não tivermos novas ideias, não haverá progresso. A mente humana é inaptamente inovadora e esta é uma força motriz inexorável. Contudo, nos negócios poderia argumentar-se que a eficiência é mais lucrativa do que a criatividade; que a inovação distrai e retira o foco; que o afastamento de métodos experimentados e testados pode ser dispendioso; e que a mudança cria stress, agitação e uma força de trabalho descontente. Na indústria farmacêutica, por exemplo, muitas empresas escolhem deliberadamente a via "me too" para prever lucros confortáveis e evitar os longos tempos de espera da investigação e desenvolvimento inovadores, mas imprevisíveis.

 A verdadeira resposta pode residir na produção de estratégias que satisfaçam as necessidades actuais de uma empresa para assegurar que há sempre ideias inovadoras para o futuro.

Os mais influentes autores da Gestão são inflexíveis: as empresas de sucesso serão aquelas que não só criam novos produtos, mas que também podem criar novos mercados e transformar indústrias.

É de crer que as empresas bem estabelecidas podem ser derrubadas da sua posição cimeira por empresas mais jovens, mais inovadoras e mais pequenas. A causa pode residir em que as maiores organizações tornam-se demasiado confiantes, preguiçosas e gordas e/ou demasiado empenhadas no reconhecimento da inovação apenas dentro da sua própria empresa. Outra razão é a sua inflexibilidade na resposta à Inovação e ao desafio dos seus concorrentes. 

A resposta, portanto, para "Porque precisamos de inovação" é fundamental - a inovação é necessária para nos mantermos vivos. Cada vez há menos recursos disponíveis e mais concorrência global. As empresas inovadoras têm de ser rápidas, flexíveis e adaptáveis, recrutando profissionais adaptáveis e inovadores. As empresas que o não façam irão rever, reestruturar e aperfeiçoar-se a fim de manter os lucros para os acionistas. Isto pode trazer benefícios a curto prazo, mas não será sustentável. As maiores empresas podem estar atentas às empresas mais pequenas e inovadoras e comprá-las ou ao seu conhecimento. Isto também pode ter ganhos a curto prazo, pois se a empresa maior impõe gradualmente os seus próprios valores sobre a mais pequenas, então, mais uma vez, a inovação pode ser novamente asfixiada.

Então, o que devem fazer as organizações que queiram ser bem-sucedidas, mantendo um equilíbrio entre continuar a fazer o que fazem bem, ao mesmo tempo que apoiem a inovação e a criatividade para obter vantagens comerciais no futuro?

1 Reconhecer as qualidades criativas dos seus profissionais.

Compreender o que é a criatividade nos negócios é complexo. O reconhecimento das qualidades criativas nos gestores empresariais é ainda mais difícil de definir. Estamos a falar de inventores? de empreendedores? inovadores? Fora da caixa?

West (3) descreve as qualidades listadas no quadro em baixo que tenham sido identificadas repetidamente em pessoas criativas. Poder-se-ia argumentar, no entanto, que algumas destas qualidades poderiam também ser atribuído a bons líderes; ou que mesmo pessoas criativas não têm todas estas qualidades; ou que uma pessoa possa ter uma boa ideia sem ter qualquer uma destas qualidades.

 

A descrição da pessoa criativa que West apresenta é certamente reconhecível nalguns aspectos. No entanto, por exemplo, o indivíduo criativo nos negócios pode não ter qualquer talento artístico; isto não quer dizer que, as pessoas sejam excluídas de ter ideias brilhantes; ou que o talento criativo não seja sempre autodisciplinado. O que é claro para West na sua investigação é que a criatividade empresarial é composta por uma série de qualidades pessoais que são de maior alcance do que a mera originalidade do pensamento. Por exemplo, ele menciona tanto a perseverança como a capacidade de influenciar e persuadir outros como atributos importantes. Além disso, aponta para a necessidade de que o ambiente seja propício à criatividade, por exemplo, a liberdade de propor novas ideias, burocracia limitada e tempo para discutir ideias com outros.

Em resumo, as qualidades criativas são muito abrangentes. Nos negócios estas qualidades podem ser distribuídas entre vários indivíduos - qualquer pessoa pode ter boas ideias. Todos devem ser encorajados a propor ideias; é mais provável que a inovação ocorra através da criação de equipas equilibradas trabalhando em ambientes apoiados.

2 Desenvolver equipas criativas.

A investigação original de Belbin(4) sobre trabalho em equipa mostrou que a combinação de indivíduos com diferentes talentos para trabalhar em conjunto foi mais bem-sucedida do que quando trabalhavam individualmente. Uma equipa composta de todos os tipos de “criatividade” não irá necessariamente proporcionar inovação. O grupo argumenta sobre as suas ideias, sem que ninguém apoie uma ideia ou a levá-la para a frente. Fica claro que, a criatividade para florescer, necessita que uma mais vasta gama de qualidades esteja presente. Os tipos de equipas de Belbin provam consistentemente que a inovação pertence ao trabalho em equipa, e não necessariamente a indivíduos. Isto indica que a inovação está ao alcance de todas as organizações e todas as equipas.  É importante proporcionar o ambiente certo para gerar criatividade. Isto significa que a equipa precisa de se encontrar, falar e conceptualizar o mais frequentemente possível. Um gestor ou chefe duma equipa, precisa de assegurar que estas oportunidades são fornecidas.

 3 Fomentar técnicas que potenciem a criatividade.

É aqui que a Facilitação se torna o meio mais poderoso no meu entender para desenvolver um pensamento crítico e criativo. Olhar o conjunto de pessoas e de equipas como o meio mais adequado para gerar a criatividade e desenvolver competências de respeito, escuta e curiosidade que elevam as potencialidades de cada uma das pessoas no prazer de construir em conjunto. O processo de se tornar uma "organização pensante" começa com o motor da organização - as suas pessoas.

O poder da facilitação pode ajudar na cultura empresarial. O pensamento crítico pode ampliar o poder da facilitação ajudando organizações a avaliar a informação, os pontos de vista, e perspectivas, e assim aumentar a sua capacidade de pensar melhor em conjunto.


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